A chamada "super quarta" (7/5) trouxe decisões importantes de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos. Enquanto os Estados Unidos enfrentam recessão técnica no primeiro trimestre e registram o maior déficit da balança comercial de toda a série histórica, o cenário por lá aponta para estabilidade monetária, com foco em estimular a atividade econômica, o consumo e os investimentos. Não por acaso, o FED manteve sua taxa de juros estável entre 4,25% e 4,50% ao ano frente ao cenário de instabilidade.
No Brasil, seguimos na contramão desse movimento. O Banco Central opta por manter uma política de juros elevados, o que funciona, na prática, como um freio à atividade econômica. A continuidade desse ciclo é, em nossa avaliação, equivocada, sobretudo diante do contexto internacional e dos desafios envolvendo a economia brasileira.
É importante lembrar que o mundo vive um ciclo neoprotecionista, em que os países buscam fortalecer sua produção e seu mercado interno. Com a taxa Selic nos patamares atuais, o Brasil favorece o rentismo e a especulação, em detrimento da geração de empregos, do investimento produtivo e do crescimento econômico de médio e longo prazo.
Por isso, acreditamos que, neste momento, a decisão mais adequada seria, no mínimo, a manutenção da taxa de juros, sendo desejável, inclusive, o início de um ciclo de redução.
Também é necessário abrir um debate urgente sobre a revisão do modelo de metas de inflação. A adoção do índice cheio, que inclui componentes como alimentação e energia elétrica, estimula uma política monetária excessivamente conservadora e juros estruturalmente elevados. Esses itens, em especial os alimentos, têm baixa sensibilidade aos juros e, portanto, geram efeitos defasados e ineficazes.
O Brasil precisa acompanhar as melhores práticas internacionais. Isso inclui repensar as metas de inflação e ampliar os objetivos do Banco Central, incorporando também metas relacionadas ao emprego, como já ocorre em outros países, entre eles os Estados Unidos.