COLUNISTA

Jesus soprou sobre eles e disse recebei o Espírito Santo

Por Dom Caetano Ferrari |
| Tempo de leitura: 3 min
Bispo Emérito de Bauru

Neste domingo, ados cinquenta dias depois da Páscoa, celebramos em festa, como povo de Deus, a solenidade de Pentecostes, suplicando: "Vem, Espírito Santo, vem renovar a face da terra, fazer novas todas as coisas. Vem, pai dos pobres, consolo que acalma, doce alívio. Vem, descanso no labor, remanso na aflição, aragem no calor. Vem, luz bendita, encher o íntimo de nós. Vem, luz que acode, fazer o bem. Vem lavar ao sujo, regar ao seco, curar o doente. Vem dobrar o que é duro, guiar no escuro, aquecer o frio. Vem conceder à vossa Igreja vossos sete dons - sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, ciência, piedade, temor de Deus. Vem dar em prêmio ao forte uma santa morte, alegria eterna. Amém!"

No Evangelho da santa Missa - Jo 20,19-23 - São João conta que Jesus entrou misteriosamente no lugar onde os discípulos se encontravam, estando fechadas as portas por medo dos judeus, saudou-os com a paz e mostrou-lhes as mãos e o lado perfurados. De novo repetiu a saudação: "A paz esteja convosco". E prosseguiu falando: "Como o Pai me enviou, também vos envio. Depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos". Na primeira leitura, segundo o relato de São Lucas - Lc 2,1-11 - que descreve Pentecostes, há uma referência à torre de Babel. São evocados os elementos, primeiro o das línguas como de fogo, depois o da diversidade de línguas mas que cada um as entende na sua língua, e o da linguagem do amor mediante o qual os povos poderão se reunir numa só nação. Como cremos, é por ação do Espírito Santo que todas as pessoas aprendem a linguagem do amor e assim podem se comunicar e se entender, embora guardem sua individualidade. Na segunda leitura - 1Cor 12,3b-712-13 - São Paulo atesta que muitos são os dons, mas o Espírito é o mesmo, porque todos somos batizados no mesmo Espírito de Cristo ressuscitado, crismados no mesmo Espírito e enviados ao mundo como mensageiros da paz e da reconciliação. Aplicando a nós, tenhamos consciência de que, tendo sido animados e fortalecidos pelo mesmo Espírito no Batismo e Crisma, nós podemos proclamar: "Jesus é o Salvador". Pois, "a cada um de nós foi dada a manifestação do Espírito com vista do bem comum". Por isso, nesta festa de Pentecostes somos convidados pela Igreja a elevarmos a Deus preces, orações e boas obras pela unidade dos cristãos. A comunhão e a unidade são dons do Espírito Santo.

O Apóstolo São Paulo em outra ocasião não deixou escapar de falar que a fé cristã é paradoxal e apontou para o mistério da cruz de Cristo, a qual é loucura segundo a sabedoria do mundo. No entanto, nessa cruz de Cristo é que se revelou o poder de Deus, tornando-se ela sabedoria divina. Pois este é o segredo da Páscoa de Cristo, a vitória que surgiu de uma derrota considerada absurda. Nem por isso a pregação do núcleo paradoxal do Evangelho deve ser acomodada para agradar. Ele explicou dizendo ter recebido de Jesus mesmo a missão "para anunciar o Evangelho, sem recorrer à sabedoria da linguagem humana, a fim de não tornar inútil a cruz de Cristo. Com efeito, como ele concluiu, a linguagem da cruz é loucura para aqueles que se perdem, mas para aqueles que se salvam, para nós, é poder de Deus" (1Cor 1,17-18).

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